Hotéis de BH apostam em estadia a longo prazo

Por Thaíne Belissa, do Diário do Comércio

De olho no público corporativo, hotéis da Capital apostam no formato de estadia a longo prazo para manter a ocupação constante e garantir receita o ano todo. Para atrair os chamados mensalistas, empresários investem no conforto dos quartos, na oferta de serviços e também em uma estrutura que dá ao hóspede a sensação de estar em casa.

Localizado na Savassi, região Centro-Sul da Capital, o My Place Savassi Hotel Boutique tem experimentado bons resultados com os hóspedes mensalistas. De acordo com a gerente administrativa, Maria Thereza Rizola, o hotel teve uma ocupação de mais de 50% em janeiro, taxa que ela considera positiva para o período. De acordo com ela, os mensalistas estão entre os principais responsáveis por esse bom resultado.

"Em épocas menos movimentadas, o hotel fica mais cheio de segunda a sexta-feira com o público corporativo, mas no fim de semana muitos quartos ficam ociosos. Com os mensalistas, esse problema é minimizado, pois eles estão lá a semana toda nos garantindo receita", afirma.

A gerente explica que os mensalistas normalmente são executivos que vêm a Belo Horizonte para eventos, treinamentos ou atendimento a clientes. O hotel também recebe muitos prestadores de serviço e estudantes de pós-graduação, que ficam entre dois e oito meses hospedados. Segundo Maria Thereza Rizola, nos últimos três anos a demanda por esse tipo de hospedagem cresceu muito na Capital. "A cidade mudou muito seu perfil, se tornando referência no turismo de negócios", diz.

Ela destaca que o formato dos quartos também é um atrativo para esse público. Isso porque eles são espaçosos e disponibilizam cozinha, bancada de trabalho, sofá e televisão. "Nossos apartamentos têm 42 metros quadrados, são muito confortáveis e dão a liberdade para o hóspede receber alguém e fazer um lanche como se estivesse em casa", frisa. As diárias no My Place Savassi Hotel Boutique variam de R$ 225 a R$ 389, dependendo do dia e do tipo de quarto. 

Conceito 

Há 30 anos no segmento, a rede Promenade Apart Hotéis também aposta nos hóspedes mensalistas, que hoje representam entre 25% e 30% do faturamento do negócio. De acordo com o diretor comercial, Diogo Afonso, o long stay, como é chamada a estadia a longo prazo, já faz parte do conceito da marca, que oferece quartos com cozinha, copa e uma gama de serviços próprios para quem vai ficar mais tempo. Mas, nos últimos anos, a rede tem feito adaptações para atender esse público por um prazo ainda maior.

"Temos percebido que, em vez de enviarem dois ou três executivos a cada semana, as empresas estão optando por deslocarem apenas um, mas por um período mais longo", afirma. Além disso, o diretor afirma que muitos mensalistas passaram a trazer suas famílias, o que permite a estadia por mais tempo. Para atender a essa demanda, a rede está investindo na compra de mais eletrodomésticos, como micro-ondas, geladeira e fogão.

Segundo Afonso, além de executivos que vêm a trabalho, os hotéis também costumam receber famílias que precisam ficar fora de casa por algum período. Isso acontece em caso de reformas ou, ainda, processo de compra de novo imóvel. "Esses clientes costumam nos procurar devido ao perfil do hotel. Não temos uma grande movimentação, então os hóspedes se sentem mais confortáveis", diz.

Estratégia

A busca por mensalistas foi a estratégia adotada pela rede de hotéis Arco para se consolidar no mercado em Minas Gerais. A marca lançou quatro unidades em Belo Horizonte nos últimos seis meses e, segundo o gerente comercial Thiago Fonseca, a aposta nos mensalistas é uma forma de garantir a manutenção desses novos empreendimentos. "Os novos hotéis ainda estão ganhando o mercado e nesse início ainda não estão muito conhecidos. Os hóspedes que se instalam por pelo menos 30 dias garantem nossa receita e ajudam o negócio a se consolidar", afirma.

De acordo com Fonseca, a taxa de ocupação por mensalistas ainda é pequena, mas em alguns hotéis ela já chega a 15%. Segundo ele, as unidades que recebem mais demanda são as que se localizam na região Centro-Sul, onde normalmente os executivos se movimentam mais. Para atrair o hóspede de long stay, a rede está apostando em tarifas diferenciadas, que são até 30% mais baratas. Para ficar um mês em hotéis da Arco, o cliente pagará entre R$ 2,8 mil e R$ 5 mil. As unidades disponibilizam suítes com cozinha americana, wi-fi, estacionamento e acesso a área de lazer.

Outra estratégia da marca é incentivar o long stay entre estudantes da Capital. Segundo Fonseca, o comercial da Arco preparou panfletos exclusivos para esse público que mostram as vantagens de se morar em um hotel. "O que mais atrai os estudantes nessa modalidade de estadia é a segurança e a comodidade, no que diz respeito à arrumação das suítes e outros serviços. Além disso, eles também se interessam pela área de lazer", diz.