FecharX

Após 14 anos, Cine Theatro Brasil Vallourec será reaberto em BH

<p>O cinema, localizado no coração de Belo Horizonte, fechou suas portas em 1999</p>



Créditos da imagem: Divulgação
Main cine
Divulgação
Redação Sou BH
12/08/14 às 13:37
Atualizado em 01/02/19 às 19:47

Em 1999, um dos mais importantes e tradicionais teatros de Belo Horizonte exibia sua última sessão de cinema. Quase 15 anos se passaram e, depois de ser totalmente restaurado, o Cine Theatro Brasil Vallourec reabre suas portas no dia 8 de outubro para arte e cultura para toda a população de Belo Horizonte.

A primeira atração do Cine Theatro Brasil Vallourec será a exposição Guerra e Paz, de Candido Portinari. Composta pelos dois últimos e maiores painéis do pintor ? com 140 m² cada um, eles foram produzidos na década de 1950 para decorar o prédio da ONU, em Nova Iorque ?, a exposição ocupará todo o prédio. Enquanto as duas obras principais estarão dispostas no palco principal, mais de 100 outras peças, que incluem estudos do artista e obras inspiradas no tema, serão expostas nas galerias e espaços de convivência.

A inauguração do Cine Theatro Brasil Vallourec tende a influenciar não só a arquitetura urbana, mas a rotina das pessoas que transitam pela Praça Sete, no coração de Belo Horizonte. A esquina da Avenida Amazonas com Rua dos Carijós será mais um polo de difusão da arte e da cultura na cidade, com apresentações de teatro, dança e música, mostras de cinema, além de exposições de artes visuais.

O novo Cine Theatro Brasil Vallourec conta com 8,3 mil m² de área construída, divididos em sete pavimentos. São dois teatros, um com mil lugares e outro com 200; dois andares de galerias para exposições de artes visuais; área de eventos para até 650 pessoas, além de um restaurante, loja e áreas de convivência. Todos os ambientes receberam isolamento acústico e contam com ar condicionado central.

Restauração completa e novos espaços

De 2007 a 2013, o espaço foi totalmente restaurado. O grande desafio da restauração foi conhecer a estrutura do imóvel sem as plantas originais, que se perderam com o tempo. Nas escavações foram encontradas a pedra fundamental da construção, de 1928; uma caixa com moedas e outros objetos deixados pelos operários no primeiro dia de obras.

A fachada principal do edifício foi reconstituída seguindo a construção original, com revestimento em pó-de-pedra, três grandes vitrais com motivos geométricos e quatro grandes lanternas em metal e vidro. As tradicionais portas pantográficas também foram reconstruídas e possibilitam ao público admirar o hall de entrada do Cine Theatro Brasil Vallourec, assim como acontecia na década de 1930.

Mesmo tendo sido construído originalmente sob uma resistente construção de concreto armado, o prédio recebeu uma nova estrutura de sustentação, feita com tubos de aço. O reforço possibilitou a construção de um novo pavimento, com fundação independente, acima do telhado original. Assim, o Cine Theatro Brasil Vallourec ganhou mais um salão para exposições e eventos diversos.

Outro grande desafio da equipe de engenharia foi reconstituir parte da estrutura que se desgastou ou se perdeu com o tempo. Os quatro vitrais originais da fachada foram retirados no início dos anos de 1980 e substituídos por uma placa de publicidade. Na restauração, foi descoberto o projeto original feito nos Estados Unidos e novos painéis foram produzidos. Os ladrilhos hidráulicos, com formas geométricas, também tiveram que ser reproduzidos por uma empresa especializada, de Barbacena. As 400 poltronas originais foram restauradas por uma empresa do Paraná ? a mesma que as construiu, em 1932 ? e, agora, encontram-se no teatro de bolso, com capacidade para 200 pessoas, e nas últimas filas do balcão do teatro principal.

As frisas laterais, demolidas em uma das reformas do espaço, foram descobertas pelos arquitetos em fotografias dos primeiros anos do teatro e reconstruídas. Mas a maior surpresa da equipe de restauro estava escondida por trás de cinco camadas de tinta. Foram recuperadas as pinturas originais do teatro principal, assinadas pelo artista-plástico italiano Ângelo Biggi, radicado em Juiz de Fora. Em tons de marrom, as pinturas seguem o estilo marajoara com formas geométricas.

As escadas originais, uma delas em formato caracol, também foram restauradas, mas, na reforma, foram construídas outras três saídas de emergência, além de quatro elevadores.

O prédio que influenciou uma época

Projetado em 1930 pelo arquiteto Alberto Murgel e inaugurado em 14 de julho de 1932, o Cine Theatro Brasil Vallourec foi um marco na arquitetura da ainda provincial Belo Horizonte. Foi o primeiro prédio da cidade sob a influência do estilo Art-Déco, inspirado na arquitetura francesa, com volumes geométricos bem definidos, pouca ornamentação, vitrais de ferro e vidro martelado e revestimento das fachadas em pó de pedra.

Durante um bom tempo, o Cine Theatro Brasil Vallourec foi o prédio mais alto de Belo Horizonte. O fascínio por conhecer a cidade do alto era tamanho que as pessoas pagavam ingresso para visitar o terraço.

O pioneirismo arquitetônico do Cine Theatro Brasil Vallourec abriu caminho para edificações construídas nas duas décadas seguintes, como o Edifício Ibaté (Rua São Paulo), o Edifício Capixaba (Rua Rio de Janeiro), o prédio do Centro dos Chauffeurs (Rua Acre), a sede da Prefeitura Municipal, o edifício dos Correios e Telégrafos (Av. Afonso Pena) e o Edifício Chagas Dória (Rua Sapucaí). Esse movimento fez com que Belo Horizonte se tornasse uma das cidades brasileiras com maior presença do estilo Art-Déco.

Com o passar das décadas, o espaço foi perdendo prestígio e sua infraestrutura ficou prejudicada. O prédio fechou as portas em 1999, mesmo ano em que ocorreu o tombamento pelo Patrimônio Histórico Municipal.

História

·      Localizado na Praça Sete, na esquina das avenidas Amazonas e Afonso Pena com Rua Carijós;

·      Inaugurado em 14 de julho de 1932. Antes de ser cinema, o espaço foi a Padaria Sete de Setembro. Fechou as portas em 1999;

·      Foi o primeiro prédio de Belo Horizonte projetado sobre a influência do estilo Art-Déco;

·      Seu estilo inspirou a construção de outros edifícios na Capital, como os prédios da Prefeitura, dos Correios (Av. Afonso Pena) e o Edifício Chagas Dória (rua Sapucaí);

·      Fechou as portas em 1999. O último filme exibido foi ?O Especialista?, com Sylvester Stallone. Em 2006, o imóvel foi comprado pela Fundação Sidertube, mantida pela Vallourec.

Novo espaço

·      8,3 mil m2 de área construída

·      7 pavimentos (altura correspondente a 11 andares)

·      Teatro principal para mil lugares

·      Teatro menor para 200 lugares

·      Duas galerias para exposições de artes visuais

·      Salão multiuso para eventos com até 650 pessoas

Restauração

·      6 anos de obras

·      R$ 53 milhões investidos