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Caminhoneiros mantêm greve mesmo após acordo com governo; falta de alimentos e combustível segue

Ceasa registra cerca de 15 produtos em falta nos estoques, outros 54 têm alta nos preços



Créditos da imagem: Marcello Casal jr/Fernando Frazão/Agência Brasil
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Redação Sou BH
25/05/18 às 15:06
Atualizado em 01/02/19 às 19:34

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que ainda não registra nenhuma desmobilização de pontos de manifestação de caminhoneiros nas rodovias do país, mesmo após o anúncio de um acordo com o governo na noite de quinta-feira (24). No quinto dia de greve, Minas Gerais amanheceu, nesta sexta-feira (25), com 66 pontos de restrição em suas estradas. Outros oito estados e o Distrito Federal também registram protestos nas vias.

Com manifestações da população em diversos pontos de BH, a capital mineira também registrou retenções no trânsito durante toda a manhã. As avenidas Raja Gabaglia, Amazonas e Antônio Carlos foram fechadas, assim como a estação do MOVE na Pampulha, interditada em protesto à redução do número de ônibus, que operam com quadro de horários de sábado em BH e região metropolitana. As vias já foram liberadas e a estação Pampulha recebeu veículos extra para atender a demanda.

Em Contagem, na BR-040, km 517, a pista está totalmente interditada pela população. De acordo com a PRF, em seu Twitter, o protesto continua sem previsão de liberação. 

Já os servidores municipais e estaduais estão em esquema de ponto facultativo. A decisão foi tomada ontem em virtude da falta de combustíveis. Dessa forma, o governador e o prefeito decidiram resguardar o funcionalismo público. 

Abastecimento

De acordo com a Minaspetro, entidade que representa os cerca de 4.300 postos revendedores de combustíveis no Estado, cerca de 115 postos estão desabastecidos ou em breve estarão. Em BH, pelo segundo dia consecutivo, os postos que ainda têm combustível registram filas de carros para encher o tanque. Em algumas regiões, muitos estão fechados devido à falta de combustíveis.

A Ceasa Minas já registra falta de alimentos e alta nos preços dos produtos disponíveis. Segundo o diretor-presidente da Associação Comercial da Ceasa (ACCeasa) Emílio Brandi, o desabastecimento já está acontecendo porque os comerciantes não estão recebendo as mercadorias, devido ao bloqueio das rodovias. Ainda segundo a associação, cerca de 15 produtos estão em falta, como ovos, maçã, beterraba, manga e abacaxi. Além disso, cerca de 54 produtos amanheceram com alta nos preços.

Em outros estados

Na Régis Bitencourt, em São Paulo, carretas e caminhões permanecem estacionadas ao logo da rodovia. O mesmo ocorre em rodovias no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, estado que apresenta 74 pontos de manifestação. No Distrito Federal, a PRF registra manifestação de caminhoneiros na BR-020, BR-060, BR-070 e BR-080. 

Em Brasília, durante toda a madrugada e no começo desta manhã, motoristas ainda fazem filas para abastecer seus carros nos postos que mantêm estoques de gasolina e diesel.

O acordo

Pelo acordo firmado ontem à noite entre o governo e representantes dos caminhoneiros, a paralisação será suspensa por 15 dias. Em troca, a Petrobras mantém a redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por 30 dias, enquanto o governo costura formas de reduzir os preços. A Petrobras mantém o compromisso de custear esse desconto, estimado em R$ 350 milhões, nos primeiros 15 dias. Os próximos 15 dias serão patrocinados pela União. 

O governo também prometeu uma previsibilidade mensal nos preços do diesel até o fim do ano, sem mexer na política de reajustes da Petrobras, e vai subsidiar a diferença do preço em relação aos valores estipulados pela estatal a cada mês. “Nos momentos em que o preço do diesel na refinaria cair e ficar abaixo do fixado, a Petrobras passa a ter um crédito que vai reduzindo o custo do Tesouro”, disse o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. 

O governo também se comprometeu a zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para o diesel até o fim do ano. Também negociará com os estados, buscando o fim da cobrança de pedágio para caminhões que trafegam vazios, com eixo suspenso.

A decisão de suspender a paralisação, porém, não é unânime. Das 11 entidades do setor de transporte, em sua maioria caminhoneiros, que participaram do encontro, uma delas, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil trabalhadores, recusou a proposta. O presidente da associação, José Fonseca Lopes, deixou a reunião no meio da tarde e disse que continuará parado. “Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. Vim resolver o problema do PIS, da Cofins e da Cide, que está embutido no preço do combustível”, afirmou Lopes. 

Os representantes dos caminhoneiros pedem o fim da carga tributária sobre o óleo diesel. Eles contam com a aprovação, no Senado, da isenção da cobrança do PIS/Pasep e da Cofins incidente sobre o diesel até o fim do ano. A matéria foi aprovada ontem pela Câmara e segue agora para o Senado, porém, ainda com data indefinida para ser votada. Caso seja aprovada, a isenção desses impostos precisará ser sancionada pelo presidente da República.

Com Agência Brasil