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João Leite ameaça impedir manifestações artísticas em BH; FCS diz que arte é da vanguarda mineira

Deputado afirmou que acionará o Ministério Público por conta de duas obras exibidas na cidade



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Redação Sou BH
04/10/17 às 22:46
Atualizado em 01/02/19 às 19:08


Cena da peça "O evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu" e obra da exposição "Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina" (Divulgação)

A Fundação Clóvis Salgado (FCS) publicou nota nesta quarta-feira (4) afirmando que a exposição "
Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina", na Grande Galeria do Palácio das Artes, faz parte da vanguarda mineira. A manifestação artística se tornou pivô de polêmica após o deputado estadual João Leite (PSDB) afirmar que vai acionar o Ministério Público para suspendê-la - além de barrar a estreia da peça "O evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu" prevista para quinta-feira (5).

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Mesmo com a limitação imposta na entrada da galeria pela placa indicativa desaconselhando sua visitação para menores de 18 anos, a exposição recebeu nesse primeiro mês quase seis mil visitantes, confirmando o grande interesse do público", afirma trecho do posicionamento da FCS. A fundação ainda reforçou que "sua vocação pública ao oferecer seus espaços expositivos para inquietações e reflexões artísticas e divulgar a produção das artes visuais mineiras, campo no qual tem alcançado destaque histórico".

A exposição 
"Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina", de autoria de Pedro Moraleida, é considerada uma das principais referências da arte de vanguarda mineira. A mostra possui mais de 160 obras entre pinturas, desenhos e objetos no ano em que essas obras atingem sua maioridades. "Nesses 18 anos, a obra de Pedro Moraleida adquiriu envergadura suficiente para ser exposta em países da América do Norte, Europa e Ásia. Além das exposições realizadas em Belo Horizonte – no então desativado Hospital São Tarcísio, hoje Centro de Arte Popular Cemig (2002), no Palácio das Artes (2002), no Museu da Pampulha (2003) e na Galeria Mama/Cadela (2015) – a obra do artista integrou, também, mostras em Berlim, Dubai, Lyon, Québec e Oslo", diz a fundação (leia a nota na íntegra abaixo).

Na Assembleia Legislativa de Minas, João Leite criticou a obra e afirmou que "hoje estamos vivendo resquício da presença da esquerda no governo brasileiro". "É
 algo, assim, insuportável o que estamos vivendo no Brasil. Nós, nesta semana, rasgamos o Estatuto da Criança e do Adolescente. Agora nosso país está inundado de perversidade, algo que é inaceitável para nossa civilização", disse o político. 



"Nossas crianças, nossos adolescentes estão expostos hoje a exposições que retratam a pobreza, a tristeza do que se tornou a elite brasileira, uma elite da esquerda brasileira que impõe as nossa crianças à imoralidade, aquilo que o estatuto chamou a atenção sobre crime de expor criança, expor adolescente às aberrações", completou.

“Vamos entrar através do MP, já busquei a Procuradoria, já juntamos todos os documentos para garantir o direito das pessoas de ter uma religião e ter seu livro sagrado respeitados, vamos usar os meios legais, não faremos explosões e agressões. Tenho a responsabilidade de garantir às pessoas sua religião", afirmou em entrevista ao jornal Estado de Minas.

A outra obra criticada, "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu", tem estreia prevista para quinta-feira, às 20h, na Funarte, no Centro de BH. A peça, desde sua estreia, já havia levantado polêmica por trazer Jesus Cristo, nos dias atuais, encarnado na pele de uma mulher transexual. Por conta disso, a montagem, protagonizada pela atriz Renata Carvalho, chegou a ter suas apresentações interrompidas durante uma recente temporada no SESC Jundiaí.

Nota da FCS:

Palácio das Artes faz exposições da vanguarda mineira

Faça você mesmo sua Capela Sistina: exposição de Pedro Moraleida, na Grande Galeria do Palácio das Artes, integra a edição de 2017 - NÃO QUIS O QUE ESTAVA NO AR: - do programa ARTEMINAS. Mesmo com a limitação imposta na entrada da galeria pela placa indicativa desaconselhando sua visitação para menores de 18 anos, a exposição recebeu nesse primeiro mês quase seis mil visitantes, confirmando o grande interesse do público.

A FCS realiza essa exposição com mais de 160 obras entre pinturas, desenhos e objetos no ano em que a obra de Moraleida atinge sua maioridade e o artista completaria 40 anos. Nesses 18 anos, a obra de Pedro Moraleida adquiriu envergadura suficiente para ser exposta em países da América do Norte, Europa e Ásia. Além das exposições realizadas em Belo Horizonte – no então desativado Hospital São Tarcísio, hoje Centro de Arte Popular Cemig (2002), no Palácio das Artes (2002), no Museu da Pampulha (2003) e na Galeria Mama/Cadela (2015) – a obra do artista integrou, também, mostras em Berlim, Dubai, Lyon, Québec e Oslo.

A produção artística mineira de vanguarda é o tema desta terceira edição do ARTEMINAS. NÃO QUIS O QUE ESTAVA NO AR:. A frase do escritor Guimarães Rosa traduz o conceito que motivou a FCS a convidar os artistas, merecendo destaque o fato de, apesar da passagem do tempo, a obra de Pedro Moraleida continuar como uma das principais referências da arte de vanguarda mineira.

Mais uma vez, a Fundação Clóvis Salgado reafirma sua vocação pública ao oferecer seus espaços expositivos para inquietações e reflexões artísticas e divulgar a produção das artes visuais mineiras, campo no qual tem alcançado destaque histórico.

Fundação Clóvis Salgado