Toda a beleza e força do retrato social
brasileiro foram registradas pelo fotógrafo mineiro Francisco Augusto
de Alkmim, cujas obras ocupam a Grande Galeria Alberto da Veiga
Guignard, no Palácio das Artes, de 9 de novembro até 23 de fevereiro, com
entrada gratuita. A exposição Chichico Alkmim, Fotógrafo, é uma
parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), possui curadoria do
poeta e consultor de Literatura do IMS Eucanaã Ferraz, e abrange todos
os anos de produção do artista em Diamantina (MG). Em meio ao conjunto de 251
fotografias feitas durante a primeira metade do século passado, a exposição
perpassa a construção social, racial e histórica do povo mineiro.
Há quatro anos, o acervo de Chichico – composto por mais de cinco mil negativos em vidro e fotografias originais de época –chegou ao Instituto Moreira Salles e foi exposto na capital carioca, em 2017, na mostra homônima que hoje chega a Minas Gerais. A exposição, que também já passou pelo IMS São Paulo (São Paulo) e IMS Poços (Poços de Caldas), busca inserir o artista no âmbito dos grandes fotógrafos brasileiros.
Fotografia e tradição
Além de casamentos, velórios,
batizados, entre outras inúmeras passagens que marcaram a vida do povo de Diamantina,
Chichico se dedicou a fotografar a vida musical da cidade. Na mostra, serão
expostos também cinco discos 78 RPM, com as obras de compositores da época do
Império, como Ernesto Nazareth, até canções do maranhense Catullo da
Paixão Cearense. Os visitantes poderão ouvir as músicas e observar os
registros de seresteiros, grupos de jazz, estudantes de música e bandas
escolares e militares fotografados pelo artista.
Autodidata na fotografia,
Chichico estabeleceu-se em Diamantina no período em que a cidade já sofria
com o intenso período de exploração garimpeira. Ensinou o que sabia a Assis
Horta, colega fotógrafo conhecido por retratar democraticamente trabalhadores
que adquiriam, pela primeira vez, a carteira de trabalho, cuja obra também foi
apresentada no Palácio das Artes. Ao final de 2019, é a vez do acervo do
expoente da fotografia mineira, celebrado desde a publicação de O olhar
eterno de Chichico Alkmim (2005) – primeiro livro com as imagens do
artista – ocupar a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard.
Francisco Augusto de Alkmim
Francisco Augusto de Alkmim nasceu em Bocaiúva (Minas Gerais), em 1886, filho de Herculano Augusto d’Alkmim e Luiza Gomes d’Alkmim. Em 1913, casou-se com Maria Josephina Neta Alkmim, com quem teve seis filhos. Aprendeu a fotografar no início da década de 1900 e em 1910 mudou-se para Diamantina, instalando provisoriamente seu primeiro estúdio. Em 1920, estruturou seu estúdio profissional e um laboratório fotográfico em sua residência. Utilizou principalmente negativos de vidro emulsionados com nitrato de prata. Aposentou-se em 1955, aos 69 anos e faleceu em 1978, aos 92 anos.