A Cia. Luna Lunera
celebra seus 18 anos de história com a estreia de novo espetáculo, E Ainda
Assim se Levantar, no Centro Cultural Banco do
Brasil Belo Horizonte – CCBB BH, no dia 16 de agosto. A montagem, que fica
em cartaz até o dia 9 de setembro, vai ocupar o Teatro 1 do CCBB BH, sempre de
sexta a segunda, às 20h10. Os ingressos já estão disponíveis pelo site Eventim ou
na bilheteria do teatro, com valores de R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira).
Com direção de Isabela Paes, o ponto de partida
para a criação do espetáculo, que celebra a maioridade da Companhia, foi o
projeto de pesquisa “a potência da precariedade”, que durante todo o processo
de criação levantou questões que buscam identificar como podemos encontrar
força em situações de eminente esgotamento, pessoal, social ou político.
O espetáculo promove um encontro mediado por três
pessoas: um homem jovem, uma mulher e um homem maduro. O Homem Jovem parece
sempre estar no caminho certo, rumo ao sucesso, à vitória, à realização. O
topo. Mas, na própria corrida sem tréguas, sente que se perdeu no fundo de
tanto otimismo e certeza. Todos os dias, ele tem vontade de chorar. Tenta
entrar em contato com o menino que pede colo dentro dele. Tenta quebrar a
máscara de ferro moldada para esse homem. Tenta desfazer os inúmeros nós em sua
garganta.
A Mulher não consegue identificar ao certo de onde
vem o cansaço. Cansada de ter que provar tudo o tempo todo. Cansada de ter que
ser forte para conseguir ser ouvida. Cansada de ter que mostrar que não quer
ser objeto de desejo. Cansada de chorar todos os dias. Cansada de ter que
trabalhar tanto. Cansada de ter que vestir um personagem na vida. Mas ela
também não vai desistir. Seria como perder-se de si mesma. Encontra no outro,
no jogo, nesse encontro aqui e agora e em sua própria voz as faíscas que a
reacendem. E, às vezes, por breves momentos, conseguimos vê-la por inteiro.
Sabe que é preciso defender a alegria.
O Homem Maduro sempre ia à frente, mas está cansado
da luta, cansado dos golpes. Parece difícil continuar sendo artista, gay,
ativista, mas ele não sabe ser outra coisa senão ele mesmo. A caminhada foi
longa e sente a idade, o corpo envelhecendo, as inúmeras derrotas. Pensa em
desistir. Não consegue nem mais chorar. A morte ronda. Mas para ele talvez não
tenha outra saída, enquanto estiver vivo vai insistir em viver. Insiste pelo
toque. Tocam-se os corpos. Tocam-se os tambores. Renasce pela música, mas sabe
que a cada dia deverá renascer novamente, insistir. A batalha não está ganha.
Ao contrário, está longe de terminar.