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Bienal do livro e os traços de Antônio e Armandinho

Criadores Pedro Gabriel e Alexandre Beck contam sobre os personagens queridos da internet



Créditos da imagem: Divulgação
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Primeiro guardanapo de 'Eu Me Chamo Antônio'
Redação Sou BH
20/01/15 às 19:57
Atualizado em 01/02/19 às 20:01

Por Débora Gomes jornalista Sou BH

Ele se chama Pedro Gabriel, mas pode ser conhecido por aí como Antônio. As palavras desenhadas em guardanapos formando poesias somam, ao jovem escritor, uma página com mais de 800 mil curtidas, um livro publicado (e outro saindo do forno) e um universo de delicadezas e sentimentos.

Tudo começou há mais ou menos dois anos, em uma mesa de bar no Rio de Janeiro. Entre um chope e outro, Pedro, que é publicitário por formação, começou a rabiscar em um guardanapo de papel. “Primeiro, encanto. Depois, desencanto. Por fim, cada um pro seu canto”, foi o primeiro verso que desencadeou no sucesso que é hoje a página “Eu Me Chamo Antônio”. “Guardanapo é uma plataforma muito perecível que pode rasgar ou amarelar. Aí eu decidi ter o registro de todas essas criações na internet”, conta.

Esse registro ganhou primeiramente o tumblr e, sem qualquer divulgação, as poesias em guardanapos se espalharam pela internet. Foi aí que Pedro decidiu criar a página no Facebook. “Criei porque era mais fácil administrar e falar com as pessoas”, conta. As palavras desenhadas (como ele gosta de chamar) viralizaram de forma muito rápida e, em menos de um ano, “Eu Me Chamo Antônio”, já tinha mais de 100 mil seguidores, sem investimentos em posts patrocinados e sem ações de marketing. Tudo no boca a boca “ou de guardanapo em guardanapo”, como ele brinca.

Em suas poesias Pedro fala de sentimentos comuns, coisas que todo mundo passa ou já passou. “Saudade, amor e liberdade. Nem sempre de um jeito feliz, mas sempre com uma brincadeira de palavras”, explica. Talvez por isso, Antônio, personagem criado por Pedro para exteriorizar seus sentimentos, tenha caído tanto no gosto dos fãs. “Sempre criei pra mim, como se fosse exteriorizar meu mundo interno. Se tivesse um milhão de seguidores ou não tivesse ninguém eu ia continuar fazendo. Mas acabou que muita gente se identificou e, claro, me motivou a continuar”, conta.

Hoje, Pedro Gabriel se prepara para lançar seu segundo livro, primeiro no Rio de Janeiro e em seguida em BH, onde participa do Projeto Conexão Jovem, na Bienal do Livro de Minas, no dia 23 de novembro. “Acho que meio que foi um ciclo: off-line, no balcão de bar, online, na internet, e off-line de novo, agora com o livro”, observa. “O legal é que as pessoas acompanham. É sinal de que quando a mensagem é sincera, quando toca alguém, não importa a plataforma, seja papel, na tela ou em um pedaço de madeira, as pessoas vão querer ter pra elas”, conclui.

Dos quadrinhos para a rede: a popularidade de Armandinho


Assim como Antônio, o personagem Armandinho também causa rebuliço na internet. Criado pelo ilustrador Alexandre Beck, o menino de cabelo azul se apresenta em quadrinhos  reflexivos e bem humorados. “Eu fazia tiras com outros personagens para um jornal catarinense, quando um dia, me pediram três tiras pra ilustrar uma matéria sobre pais e filhos”, conta.

Meio as pressas (precisava entregar as tirinhas no mesmo dia), Alexandre usou os esboços que tinha de um bonequinho, riscou as pernas para representar os pais e pronto. “Fiz as primeiras tiras assim, sem estudos, sem inspirações: foi um caso de emergência”, completa.

Hoje a página de Armandinho no Facebook tem mais de 600 mil curtidas e cada tirinha tem mais de seis mil compartilhamentos. “Quero acreditar que há muitas pessoas parecidas comigo. Mesmos anseios, mesma crença de que um mundo melhor e mais justo é possível”, conta Alexandre.

Sobre o sucesso na internet, Beck acredita que se deva aos temas e tipo de reflexão que as tirinhas propõem. “Quanto à palavra sucesso, tenho algumas restrições. Caso as tiras estejam realmente servindo à reflexão, de certo modo considero isso um sucesso”, completa.

Alexandre Beck também é um dos convidados da edição 2014 da Bienal do Livro de Minas. Ele participa da Bienal em Quadrinhos, em uma tarde de autógrafos no dia 15 de novembro, sábado, às 15h, e no dia 16, domingo, às 17h.