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Especial Dia Das Mães: Sou BH conta história de Aline Calixto, de ponta a cabeça

Entrevista relata a vida e as reflexões da cantora e compositora da nova geração do samba, que vem crescendo na cena cultural de Minas e do Brasil



Créditos da imagem: Flávio Charchar
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Rafael Oliveira
09/05/20 às 12:00
Atualizado em 21/05/20 às 13:14

Belo Horizonte e Aline Calixto “dão liga”. Para além da sintonia entre artista e público, há uma importante coincidência em andamento, quando falamos da cantora e da metrópole mineira: o Carnaval de BH e a carreira de Calixto crescem em igual proporção, como se um ajudasse o outro. Com amor ao trabalho, ao ser humano e à rotina artística de preparar canções, discos e espetáculos, a entrevistada especial deste fim de semana, no Sou BH, tem o que comemorar: a maternidade chegou em excelente hora. De prosa leve e fala serena — mas acompanhada por um combo de carisma, personalidade e energia inesgotável —, Aline Calixto compartilhou parte da trajetória dela em várias de suas nuances: da vida de lutas no Rio de Janeiro até as delícias de descobrir Minas Gerais, bem como a recente viagem inesperada e inesquecível: tornar-se mãe. Embarque nesta entrevista com a gente.

Quando recebeu a confirmação da gravidez, qual foi o seu sentimento inicial?

Susto e surpresa. Embora eu e meu marido já conversássemos sobre o tema e um possível período para realizarmos uma gravidez, a notícia nos pegou de surpresa. Ficamos, na sequência, extremamente felizes.

A notícia da maternidade lhe influenciou, no sentido artístico, de qual forma?

R: Influenciou e muito. A rotina muda completamente, desde a gestação até os dias atuais. O fazer artístico passa por muitos rearranjos e adaptações. Por exemplo, se tenho um show marcado ou outro compromisso artístico, impossível sair de casa sem conferir o estoque de leite no congelador. Como fico quase full time com o Maël, não é raro ele me acompanhar em algumas agendas (caso local e horário sejam adequados).

O que você mais tem ensinado, e o que mais tem aprendido no papel de mãe?

R: Na verdade, não sei se o termo certo seja "ensinar". Quero substituir por compartilhar, pois quando nos tornamos mãe, temos esse anseio de trocar experiências com outras mães. Nesse sentido, rola um ensinamento mútuo, uma partilha muitas vezes bastante construtiva. Aprendo todo dia e a cada hora, a ressignificar o sentido da vida. A maternidade tem seus altos e baixos. Não romantizo nada. Tem horas que é difícil pra caramba, e é importe assumir isso.

Ser mãe trouxe, para você, quais tipos de características que não conhecia em si?

R: Essa é uma pergunta muito simples de se responder agora. Tem uma vida que hoje depende da minha. Uma parte de mim, fora de mim. Um amor que eu não conhecia e que me faz experimentar a cada dia, sensações indescritíveis. O foco muda completamente.

O que representa, para você, o conceito de família? Qual importância esta parte da vida tem para você? 

R: Família é o núcleo mais próximo de pessoas que eu escolhi (de sangue ou não), para experimentar a existência nessa terra conjuntamente. Eu os amo e sou feliz por tê-los ao meu lado. Amar e ser amado, essa troca de sentimentos é o que move a vida. Sou muito grata por poder vivenciar isso no meu seio familiar.

Em uma década de carreira, quais são as memórias especiais?

R: Já pude homenagear Clara Nunes e dividir palco com Milton Nascimento, Beth Carvalho, Toninho Horta, Velha Guarda da Portela, dentre tantos outros. Em meus discos, contei com participações de gente talentosa e de bem, como Zeca Pagodinho, Emicida e Arlindo Cruz. O que posso sentir diante de tudo isso é gratidão. 

E de que modo se aproximou de artistas tão respeitados na música brasileira?

R: Todos são especiais, e considero uma honra tê-los como amigos. Quando penso em parcerias, eu mesma ligo para as pessoas e, por isso, acho que o trabalho flui de maneira natural. Canto aquilo em que acredito, não só com relação a composições minhas. Tenho um lado intérprete e o utilizo também para exaltar nomes aos quais sou grata e que muito me influenciaram.

Qual parte de seu ofício a inspira e a alegra mais?

R: Eu gosto do palco e de criar. Sei que existem artistas com preferências específicas, mas eu sinto prazer nas mais diversas etapas do trabalho artístico-musical. Quando acaba um show ou o Carnaval, por exemplo, já estou com a mente no próximo trabalho. Penso que me leva para frente imaginar formas de superar um trabalho e de encantar as pessoas. Sou realizada e gosto de fazer o público se sentir tão feliz quanto eu.

Você tem se apresentado no exterior. Quando retorna para Minas Gerais, a sensação é diferente?

R: Ter a oportunidade de levar a nossa arte para mais pessoas e culturas diferentes é uma grande honra. Agora, é claro, voltar para casa é sempre outra coisa — ainda mais quando a minha casa é o palco. A relação que construí com o público mineiro, de lealdade e admiração mútuas, acaba tornando o show em nosso estado uma parte de ouro para mim, pois é quando sinto, da maneira mais pura, o brilho no olhar e o sorriso no rosto de meu público.

Qual significado tem o Carnaval para você?

R: Alegria e consciência. É um momento especial da minha rotina de trabalho, porque tenho como olhar no olho do meu público e falar sobre ser feliz, mas também experimento a oportunidade de despertar e/ou incentivar reflexões. Alguns meses antes, me organizo para ter a melhor energia e organizo os pensamentos, pois vivemos em tempos de bastante inquietude com os rumos de nossa sociedade. Chegou a hora de colocar o bloco na rua, e vamos com força total para encantar uma multidão que tanto nos encanta.

Aline Calixto participa, junto a ClaraxSofia, da próxima edição do Sou BH Talks, neste domingo (10), a partir das 17h.