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Juçara Marçal apresenta Encarnado no Festival Eletronika

Em seu primeiro disco solo, Juçara Marçal faz um show para ouvidos atentos



Créditos da imagem: Jose de Holanda
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Juçara Marçal apresenta no Festival Eletronika, Encarnado, seu mais recente disco
Redação Sou BH
20/01/15 às 19:28
Atualizado em 01/02/19 às 19:59

Por Camila de Ávila jornalista Sou BH

A cantora paulista Juçara Marçal é a atração da sexta-feira (12), às 21h30, do Festival Eletronika. O evento acontece no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna (Av. Afonso Pena, 4.001 – Mangabeiras) até domingo (14). Na ocasião, Juçara apresentará o repertório do seu primeiro disco solo, “Encarnado”.

Juçara Marçal é uma cantora que já possui mais de 20 anos de carreira. E apesar de nunca ter tido grande popularidade, sempre apresentou um trabalho consistente e de qualidade para um público seleto. Juçara, que é mestra em Literatura com dissertação sobre o mineiro Pedro Nava e jornalista, apresenta o que ela define como “música brasileira, canção, autoral e livre”, explica. Ela começou a cantar no CoralUSP, onde fez suas graduações.

Sua carreira musical se iniciou por meio do grupo vocal A Barca, em seguida ela passou pelo Vésper Vocal. Com este último gravou os discos “Flor D’Elis” (1998), produzido por André Magalhães, “180 anos de samba cantando Adoniran e Noel” (2002) e “Ser tão paulista” (2004), produzido por Magro Waghabi, do MPB4. O canto à capela está muito presente na carreira de Juçara, segundo ela, consequências de afinidades. “Tem a ver com esse trajeto, a partir do canto em coro. Foi consequência das afinidades que fui criando na busca por me expressar pelo canto. Do CoralUSP, para o Vésper foram as amizades que fiz que me conduziram e, obviamente as escolhas musicais que acompanhavam a gente nesses trabalhos”, conta. Juçara ainda fez parte da banda Metá Metá.

Juçara possui voz suave, firme e cheia de vigor. Em seu primeiro disco solo, “Encarnado”, a tessitura de sua voz é algo que dá o tempero ao disco. Apesar de ser o primeiro álbum em que está cantando sozinha e se apresenta assim como artista, ela diz que não sente como se fosse um início de carreira. “Encarnado é o início de uma nova fase, em que canto e me coloco diante do trabalho de uma outra maneira: como aquele que propõe a brincadeira pra turma. Se a turma topa, então a brincadeira vira de todos”, brinca.

O tema central do álbum é a morte e Juçara a apresenta muito viva. Segundo a cantora, o tema não foi escolhido, mas foi se apresentando para ela. “Ele (o tema morte) foi se desenhando à medida que o repertório ia sendo construído. Como se cada canção fosse chamando a seguinte e a seguinte e, quando vimos, esse tema estava explicitamente comandando o disco”, explica. Mesmo tratando de um mote tão pesado e tão delicado, o disco não tem uma pegada mórbida. Juçara aponta a sonoridade do álbum como a explicação para essa característica do CD. “Talvez não seja pesado por causa da sonoridade, ou talvez porque antes de falar da morte, falo do estar vivo e dos tremores que nos movem e comovem”, ressalta.

Quando Juçara veio a BH, no Teatro Bradesco com o show Metal Metal, da banda Metá Metá, apresentou um show muito intenso e dançante. O show “Encarnado” é também intenso, porém é para ser ouvido e não dançado. De acordo com a cantora, cada música é uma cerimônia e é preciso um jeito específico para apresentar cada uma. Por se tratar de um tema tão especial, é necessário estar atento. “Encarnado também tem uma intensidade, mas vai por outro caminho, não é dançante como o Metal Metal é a maior parte do tempo. As canções do Encarnado pedem olhar e ouvido abertos, provocam por vezes desconforto. São o corte, a ferida aberta, mas também o bálsamo, o suspiro. São canções fortes e cada uma é um pequeno rito”, conta.

Festival Eletronika

Juçara afirma que seu trabalho combina com o Festival Eletronika devido à experimentalidade das obras expostas no evento. “O meu trabalho tem essa veia, de certa forma experimental, que lida com a invenção, com a possibilidade de trespassar os gêneros musicais, apontando para novas possibilidades. Num festival como o Eletronika, em que as novas tendências musicais são o foco, creio que a proposta do Encarnado cai como uma luva. Uma luva encarnada!”.