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Pena de Pavão de Krishna é maravilha

Bloco tem como diferencial a afetividade intensa ao som do universo



Créditos da imagem: Carlos Hauck - facebook oficial do Bloco
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Bloco, que sai no domingo de carnaval, tem como característica a filosofia de Krishna, deus do hinduísmo
Redação Sou BH
23/01/15 às 00:43

Por Camila de Ávila, jornalista Sou BH

“Pena de Pavão de Krishna, maravilha, vixe Maria mãe de Deus, será que esses olhos são meus?”. Desta parte da letra de “Trilhos Urbanos”, de Caetano Veloso, surgiu o nome do bloco, que apresenta para o carnaval de BH uma energia carregada de amor: o Pena de Pavão de Krishna (P.P.K).

O P.P.K, que desfila sempre no domingo de carnaval, tocando canções no ritmo do afoxé, surgiu quando o carnaval de BH já estava consolidado. Segundo Flora Rajão, organizadora do bloco, “o Pena de Pavão de Krishna teve sua primeira saída em 2013 e foi criado na intenção de retomar o fator 'olhos nos olhos' que os outros blocos já estavam perdendo, por terem sofrido com boom gigantesco no aumento dos participantes no carnaval de 2012, em relação ao de 2011”, explica. O P.P.K é, na verdade, um bloco afetivo “entre amigos, na intenção de estarmos mais próximos. Não imaginávamos que ia se tornar um bloco com um público de duas mil pessoas, como foi no ano passado (2014)”, conta Rajão.

Partindo dos ensinamentos de Krishna, o bloco está imerso na energia deste deus hinduísta. “Termos Krishna no nome do bloco e estampado em nosso estandarte traz uma energia muito forte e amorosa para o grupo. Krishna é o todo atrativo, um avatar divino que ensinou sobre a retidão e persistência no caminho espiritual, a boa vida e o amor”, conta.  A ideia é fazer um carnaval onde há a paz dos deuses, tenha ele qualquer nome. “Estamos protegidos por todos os orixás. Agora, nomear os deuses e energias cabe a cada um, dentro de suas crenças. Assim como cabe a cada um decidir ser irá beber ou fumar, ou não. Há espaço pra todos”, enfatiza. Nos dois últimos anos de cortejo do bloco, os integrantes realizaram um piquenique. “Este momento é tão especial quanto o próprio cortejo. É o início do ritual, onde as pessoas se pintam de azul, trocam ideias e começam a entrar no clima do bloco”, diz.

O grupo apresenta grandes diferenciais para um bloco de carnaval. Um deles é a presença da violinista Nath Rodrigues. “Teremos a querida Nath Rodrigues conosco mais uma vez. No ano passado ela não pôde participar, por estar na Índia, berço sagrado que tanto nos inspira. Mas este ano ela está aqui e tenho certeza que deve estar com vontade de matar a saudade”, conta. Outra característica só deles é a entonação do OM antes dos ensaios e do cortejo do bloco. De acordo com o hinduísmo, esta é a vibração natural do universo. “Adoramos fazer o OM, antes dos ensaios e do cortejo. E digo que adoramos, não no sentido de adoração, como doutrina religiosa, mas porque o OM é um mantra muito forte que provoca um estado de presença meditativa e traz bem-estar instantaneamente”, explica Rajão.  A entoação do OM “é um modo de nos conectarmos e estarmos todos presentes, com a alma encaixada no corpo que se torna sorridente, imediatamente, após emitir essa vibração”, ressalta.

“O melhor o tempo esconde, longe, muito longe. Mas bem dentro aqui...”, disse Caetano na canção que inspirou o bloco. O P.P.K tem a fama de ser um grupo mais reservado. Porém, Flora Rajão afirma que não. “Não julgo sermos um bloco mais reservado, nossos ensaios são todos abertos (toca quem quiser) e divulgados no grupo do Facebook. Talvez caiba dizer que somos um bloco mais sereno, tranquilo, mas não menos festivo”.  O Pena de Pavão de Krishna é como todo bloco deves ser: “sagrado, ritualizado e munido de amor”, conclui.