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Reconhecimento póstumo: Carolina de Jesus agora é doutora

Universidade concede título de Doutora Honoris Causa à escritora mineira que já foi catadora de papel



Créditos da imagem: Reprodução/EBC
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Nascida em 1914 na cidade de Sacramento, no Alto Paranaíba, Bibita, como era apelidada pelos mais íntimos, faleceu em São Paulo, em fevereiro de 1977, aos 62 anos, de insuficiência respiratória
Redação Sou BH
26/02/21 às 13:45
Atualizado em 26/02/21 às 16:04

A catadora de papel negra que vivia na favela agora é Doutora Honoris Causa. Embora seja uma homenagem póstuma, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ) reconheceu, na última quinta-feira (25), com a concessão do título, a luta e coragem de uma mulher estoica: Carolina Maria de Jesus.

Nascida em 1914 na cidade de Sacramento, no Alto Paranaíba, Bibita, como era apelidada pelos mais íntimos, faleceu em São Paulo, em fevereiro de 1977, aos 62 anos, de insuficiência respiratória.

Filha de pais analfabetos, Carolina começou sua jornada como escritora aos 30 anos, quando se mudou de Minas para São Paulo após a morte da mãe, Dona Cota. Em 1937, aos 33 anos e grávida, passou a viver na favela do Canindé, zona norte da capital paulista, e a se sustentar como catadora de papel. Aproveitava os cadernos usados que recolhia para registrar o cotidiano em que vivia. 

Com o apoio do jornalista Audálio Dantas, em 1958, Carolina publicou o primeiro e mais famoso livro, “Quarto de Despejo”, a partir de anotações em vinte cadernos. O sucesso da publicação lhe permitiu mudar para o bairro de classe média de Santana. Três anos depois, publicou o romance “Pedaços de Fome” e o livro “Provérbios”.

Outras seis obras foram publicadas após sua morte, compiladas a partir dos cadernos e materiais deixados pela autora.

A honraria Honoris Causa, que significa “por causa de honra”, é concedida independentemente da instrução educacional a quem se destacou por suas virtudes, méritos ou atitudes.