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“Precisamos acreditar na energia da alma”, diz Jane Duboc

A cantora, que faz apresentação única em BH, neste sábado (24), relembra com amor suas histórias e ligação com Minas Gerais



Créditos da imagem: Murilo Alvesso
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Júnior Castro
21/08/19 às 20:03
Atualizado em 21/08/19 às 21:20

"A sensibilidade de uma alma é pura, é radiante, e este efeito, mesmo invisível aos olhos, se faz sentir num coração transbordante de carisma e simpatia que a todos contagiam." Não haveria melhor descrição, senão a do poeta Ivan Teorilang, para definir uma das cantoras e compositoras mais excepcionais e ponderosas que já ouvi. Jane Duboc compartilhou momentos especiais e narrou importantes acontecimentos de vida e carreira em um papo descontraído com o Sou BH. Ela se apresenta neste sábado (24), no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube.

A música mineira, sem dúvidas, transborda poesia por meio de suas letras e melodias. As montanhas, o céu, a natureza – tão lembradas nas composições de artistas do estado –, são um convite para apreciar o que há de mais belo nessas terras. Não à toa que Jane, desde muito cedo, se apaixonou pelas Gerais. “Quando criança, meu pai tinha a mania de viajar de carro. Passávamos por muitos lugares, mas quando chegávamos a Minas e eu via aquele sol laranja, aquelas montanhas, sentia uma energia impressionante. Eu ficava encantada, já naquele tempo, com a geografia da região. Mas, quando ouvia as canções, as letras de Murilo Antunes, Fernando Brant, que falavam sobre a natureza... Tudo aquilo me abraçava de uma forma encantadora. Aí, pronto, me identifiquei com Minas”, relembra a cantora sobre a infância.

Tanta identificação, anos mais tarde, se transformou em parceria. Duboc relembra que Manuel, O Audaz, foi sua primeira canção gravada por composição de mineiros – Toninho Horta e Fernando Brant. “Quando eu era mocinha, em Belém do Pará, meu primo tinha um jipe. Ele não tinha capota e a gente sentia a poeira no rosto, o sol, o vento, aquela liberdade. Aí, quando eu ouvi as primeiras frases de Manuel: “Se já nem sei o meu nome. Se eu já não sei parar”. Falei: é um jipe! “Juro por Deus”, eu não sabia, mas saquei que era a história de um jipe. Então, disse pra mim mesma que o dia que fosse gravar meu primeiro disco, iria gravar essa música. E não é que eu não só gravei, como Toninho Horta fez o arranjo e tocou violão”, recorda.

Se Manuel foi uma grande coincidência na vida de Jane, ela não foi a única. Ainda no colégio, a cantora era líder do “Quarteto em Tri”, grupo formado com duas amigas e inspirado no “Quarteto em Cy”. “Eu fazia a voz da Cybele e a interpretava. Anos mais tarde, quando fui me apresentar, quem estava ao meu lado? A própria! Depois disso, ela se tornou minha maior amiga. O filho dela ficava comigo, o meu ficava na casa dela. Cantamos várias vezes juntas. Não tem explicação para esse tipo de acaso”, comenta com carinho.

“Essas coisas sempre aconteceram na minha vida. É a magia da música”, diz Jane. Inexplicável também é o nascer da amizade de Duboc com Toquinho que, segundo ela, surgiu de uma forma enigmática. “Ainda morando em Belém, vi pela TV o casamento de Toquinho. Eu olhei e disse: Credo! Vou trabalhar com ele. Mas, não sabia o porquê havia pensado aquilo. Anos mais tarde, estava gravando um disco dele com César Camargo Mariano. De repende, Toquinho apareceu e me perguntou: Quer ir para Europa comigo? Mais uma vez, não podia acreditar que aquilo estava acontecendo e eu iria trabalhar e viajar com ele”, rememora.

Tributo a Burt Bacharach

Jane chega a Belo Horizonte com show especial em homenagem Burt Bacharach, confira os detalhes na nossa Agenda. O espetáculo Amor! É do que o mundo mais precisa, celebra a carreira de quase 60 anos do artista norte-americano, reconhecido por clássicos como I Say a Little Prayer, Raindrops Keep Fallin'on My Head, I´ll Never Fall in Love Again, Close to You.

Para a cantora, tudo começa pelo nome da turnê. “O mundo realmente precisa de amor. Sempre vemos a divisão do que é ‘certo’ e do que é ‘errado’. E nem tudo é o que parece, por isso precisamos conversar, não brigar”, comenta sobre o show.

Por fim, Jane revela que é uma grande responsabilidade fazer essa homenagem, mas é algo que vem do coração. “A gente faz um show intimista e simples. Tentamos colocar um pouco de brasilidade, porque os maiores artistas do mundo já gravaram as músicas do Burt. Então, fazemos com sinceridade e como muito amor”, finaliza.