FecharX

Zizi Possi apresenta grandes sucessos da carreira em show Italianíssima

Fã da saga Harry Potter, a cantora relembrou fatos importantes e contou curiosidades pouco conhecidas de sua história



Créditos da imagem: Caio Gallucci
Main credito caio gallucci
Júnior Castro
25/09/19 às 20:00
Atualizado em 25/09/19 às 20:00

“A música pode ser o exemplo único do que poderia ter sido – se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras, a análise das ideias – a comunicação das almas”. A frase do escritor francês Marcel Proust diz, mesmo que subjetivamente, muito a respeito do poder transformador da música. Esse mesmo poder, foi fundamental na formação de Zizi Possi. A cantora, que chega a Belo Horizonte nesta sexta-feira (27), com o show ‘Italianíssima’, contou um pouco dessa história em entrevista exclusiva ao Sou BH.

“Segundo minha terapeuta, a música me salvou de um autismo grave. Eu não tinha com quem me relacionar quando era pequena. Além de minha prima Esperancinha, com quem brincava muito de vez em quando, eu era a única criança da casa. Por isso, andava o dia inteiro pra lá e pra cá e cantava, cantava e cantava. Esse era o meu jeito de botar pra fora a solidão”, relembra Zizi.  

Já aos quatro anos, a mãe de Possi, percebendo seu talento, resolveu colocá-la em uma escola de música. Começava a nascer ali uma imersão que duraria a vida toda. “Minha mãe me colocou para estudar piano, além de ser um sonho dela, eu demonstrava um supertalento para música e era uma maneira de canalizar toda aquela energia. Mas, anos depois, percebi que não era só uma coisa de criança. Eu nasci com o dom da musicalidade”, explica sobre primeiros passos na arte.

Tempos mais tarde, aos 18 anos e morando em Salvador, o destino levou Zizi a cursar Música na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Nesse mesmo período, a cantora subiu pela primeira vez em um palco. “Meu irmão mais velho, José Possi Neto, era diretor da Escola de Teatro da UFBA. Ele estava ensaiando um musical chamado ‘Marilyn Miranda’. Como a gente voltava juntos da faculdade, eu ia com ele para os ensaios e tocava um piano velho, enquanto eles aqueciam. Algumas músicas foram criadas para o espetáculo e acabei participando como cantora, bailarina e atriz. Mas, quando estreamos, o que chamou a atenção das pessoas foi minha voz. Eu achei lindo, foi mágico”, recorda com afeição.

De volta a São Paulo, o sucesso não demorou a surgir e o encontro com Roberto Menescal, de uma forma bastante inusitada, fez parte desse início. Zizi conta que, à época, ficou muito confusa e imaginou que o músico pudesse trabalhar em uma loja de departamento. “Essa passagem é muito engraçada. Eu nunca fui, nem sou, ligada em um monte de coisas que as pessoas são. Aí, naquele tempo, quando eu ouvia ‘Philips’, pra mim, era marca de pasta de dentes ou de lâmpada. Não sabia que existia uma gravadora com esse nome. Então, um dia recebi um telegrama, vi o nome do Roberto e pensei: Acho que esse cara é o compositor de ‘Barquinho’ e ele deve querer que eu faça um backing vocal. Mas, o remetente é da ‘Philips’, será que ele trabalha em uma loja?”, diverte-se. Desfeita a confusão, ela assinou com a marca e, em seguida, lançou o primeiro EP, Flor do Mal (1978).

Entre histórias e curiosidades, a cantora também revelou fatos raros sobre sua vida. Durante o papo – enquanto falávamos da política brasileira –, Zizi nos contou que é uma grande fã da saga Harry Potter e utilizou de frases do livro para resumir a condição atual do País. “Você vai rir... Mas sou fanática por Harry Potter. Tenho camiseta, cálice, boné, um monte de coisas. E, enquanto a gente está aqui falando de política, me lembrei de uma frase que Dumbledore disse a Harry no quarto livro, O Cálice de Fogo. Ele diz, assim: Harry! Cedo chegará o tempo em que teremos de escolher entre o que é o fácil e o que é o correto”, opina sobre o futuro do Brasil.

Segundo Possi, outro cenário que vem sofrendo mudanças bruscas e, muitas vezes negativas, é o musical. “Eu tenho me sentindo um ET. Não gosto de quase nada do que ouço, acho pobre. Tudo feito para vender, empacotado. Claro que sempre existiu um ‘grude’ do que é mais fácil, das músicas de refrão mais simples. Nos anos 80, por exemplo, isso explodiu e, logo em seguida, começou a época dos jabás. As Rádios começaram a fazer shows aos fins de semana em festas populares e tocavam a semana inteira grupos que iriam fazer espetáculos de graça. Aí as pessoas chegavam lá, cantavam tudo e as Rádios ganhavam com bilheteria. Foi nessa época que eu falei: Chega! Não quero isso. Ou eu faço o que acredito, música integral, ou, então, faço outra coisa. Não vou ficar nessa de atender pedido de ‘cara’ de gravadora”, esclarece.

Prestes a apresentar ‘Italianíssima’, no Cine Theatro Brasil Vallourec, em BH, Zizi também relembrou como foi gravar seu primeiro disco em Italiano, Per Amore, em 1997. “Depois de uma temporada de shows, resolvi levar minha filha para Nápoles, que é a Terra do meu avô materno. Lá, tive uma crise de choro que durou dias. Toda a minha infância veio a cabeça, o som daquelas vozes, as minhas tias, as histórias do meu avô”, recorda. De volta ao Brasil, ainda impactada com a viagem ao país de sua origem familiar, seus pais estavam prestes a completar bodas de ouro e, para tal, seu irmão resolveu preparar uma surpresa. “Zé Possi fechou um salão, organizou uma decoração idêntica a do casamento de nossos pais e contratou uma superbailarina, que usou o vestido de casamento da minha mãe e dançou em cima do bolo. Minha mãe chorava, chorava e chorava. Já meu pai, demorou um pouco para entender o que estava acontecendo (risos). Depois, meu irmão passou um vídeo da imigração italiana no Brasil que, inclusive, emprestamos para Jayme Monjardim abrir a novela Terra Nostra. Foi muito emocionante. Só que o mais impressionante você não imagina: Dois meses depois, o presidente da minha gravadora me convidou para fazer um disco em italiano e, em 1997, lancei Per Amore”, detalha.

Encerrando nosso papo, Zizi fez questão de falar sobre seu carinho e sua relação com Belo Horizonte. “O último show que eu fiz antes de parir minha filha foi no Palácio das Artes. Desde que me conheço como artista vou a Minas e sempre recebi um carinho imenso do público mineiro. Vocês são educadíssimos, durante o show é um silêncio que não se ouve uma mosca. Acho que é uma relação energética, porque eu sempre gostei de apresentar os meus trabalhos aí. É muito forte, muito rica essa troca. O público mineiro me faz bem”, finaliza.