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Festival Fartura é sucesso em seu primeiro dia

Variedade e organização é o que chama atenção no evento



Créditos da imagem: Camila de Ávila
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Festival Fartura enche a Praça José Mendes Junior de sabor
Redação Sou BH
21/01/15 às 20:28
Atualizado em 01/02/19 às 20:00

Por Camila de Ávila, jornalista Sou BH

“E se fartar!”. Essa é ideia da primeira edição do Festival Fartura BH, que acontece hoje (27) e amanhã (28), de 12h às 20h, na Praça José Mendes Junior, no Circuito Cultural Praça da Liberdade. Sábado de sol, um local arborizado, com música e comida de todos os cantos do país, em especial de Belo Horizonte e Minas estão à disposição para degustação.

O público pode experimentar o famoso fígado acebolado com jiló do Mercado Central em um dos estandes mais concorridos do festival. Ilmar Antônio de Jesus, chef do Casa Cheia, restaurante do mercado que faz a mais antiga receita do prato, diz que “o dia em que você comer o nosso fígado acebolado com jiló, você vai gostar”.

Em meados da década de 1950, os carregadores do Mercado Central (que na época era a Ceasa da capital) comiam pé de porco. Um dia, um dos carregadores teve a ideia de colocar jiló cozinhando junto com o pé de porco. “Cozinhou junto e deu certo”, afirma Ilmar que acredita que a carne mudou para o fígado por ser mais acessível.  A cebola foi incorporada à receita apenas para dar mais sabor. Tem um jeito certo de comer, de acordo com o chef, “tem que espetar o fígado, junto com o jiló e com a cebola, aí sim dá certo”, explica.

Há 38 anos no Mercado Central, o Casa Cheia atende, de acordo com o chef, de 800 a mil pessoas por dia. “Todo mundo vai atrás do fígado acebolado com jiló que é uma receita nossa, de Belo Horizonte”, afirma. Em março desse ano, o Casa Cheia abriu uma filial na Savassi mantendo o carro chefe do estabelecimento o fígado acebolado com jiló.

A faturista Alessandra Nogueira Marra, que estava no Fartura acompanhada de sua amiga Miriam Silva Porfírio, personal stylist, disse que adora o prato. “Sou botequeira né? E não tem botequeiro que não coma fígado acebolado com jiló. Minha mãe tenta fazer, mas não dá certo”, conta. Miriam não é tão botequeira assim. “Eu vim para experimentar de tudo, comecei com pão-de-queijo com linguiça, passei pelo fígado acebolado com jiló, e agora estou na coxinha do Léo”, relata.

A Coxinha do Léo é outra delícia típica de BH. A coxinha com catupiry surgiu no bairro da Graça, região Leste da capital mineira, João Mendes Ribeiro, sócio-proprietário da marca, conta que Léo saia de porta e porta vendendo a iguaria. “Depois de começar a fazer sucesso ele abriu na porta da garagem para vender. A fama foi crescendo por meio do boca a boca e aí ele abriu um barzinho”, conta.

O diferencial da receita é que o requeijão utilizado por eles não derrete, se mistura aos outros ingredientes. Outra característica é que é feito de forma artesanal, ou seja, nenhuma coxinha é igual a outra, pois são moldadas manualmente.O estabelecimento conta com uma carta de vinhos com chilenos, argentinos e nacionais. “De uns tempos para cá as pessoas passaram a pedir vinho para acompanhar a coxinha”, conta.

Outra delícia que pode ser degustada no Festival Fartura BH é o pastel de angu com carne de sol. Há sete anos, Márcia Nunes abriu em frente ao restaurante Dona Lucinha, o Armazém Dona Lucinha. “Trouxe o pastel de angu que não é o da região do Serro, nem de Conceição do Mato Dentro, é a união das receitas com o incremento da carne de sol do norte de Minas”, explica. Márcia diz que o que é mais interessante neste pastel de angu é que ele vem carregado de história e tradição. “Quando você come o nosso pastel de angu logo se lembra da sua infância, das receitas de sua avó, da simplicidade do mineiro. Nosso pastel tem sabor de história”, afirma. “É uma receita, mesmo que misturada, muito tradicional. Não criamos novas receitas, mas oferecemos um caldeirão de cultura”, ressalta.

Para sobremesa o Festival Fartura oferece o legítimo rocambole de Lagoa Dourada. Uma receita de família que ganhou a região do Campo das Vertentes e muitas outras. “Todo mundo que vai passear por São João del Rei e Tiradentes, passa pela loja e leva um rocambole”, conta Marise Coimbra Carazza do Líbano, proprietária da marca. 

Talvez o rocambole faça tanto sucesso por ser uma prova de amor entre irmãos. O primeiro foi feito pelo descendente de libanês Miguel Youssef, que fazia o doce uma vez por semana para ser vendido em seu bar.  Depois de uns anos, os filhos assumiram o estabelecimento, mas os negócios não iam bem. Paulo Miguel, um dos filhos que morava em São Paulo, decidiu largar tudo na capital paulista e investir no bar e ajudar os irmãos que passavam por dificuldade. Ele criou o Bar e Hotel Glória que tinha uma embalagem especial que permitia ao cliente levar o rocambole e a demanda aumentou. Paulo morreu subitamente de ataque cardíaco e depois disso os negócios desandaram novamente. Depois de muitos anos, um de seus filhos, Ricardo Youssef do Líbano, assumiu os negócios e espalhou placas pela região com os dizeres “O Legítimo Rocambole de Lagoa Dourada” foi um sucesso. O negócio voltou a ser bem sucedido. Ricardo morreu aos 33 anos vítima de uma descarga elétrica e Marise, sua esposa desde então está adiante dos negócios e do rocambole que é um sucesso.

A comilança

O arquiteto Luiz Henrique e o advogado Luciano Pacheco chegaram ao festival dispostos a experimentar. “Gosto de comida e tudo me interessa. Mas não saio daqui sem comer o costelão de Tiradentes”, afirmou Luciano. “A comida junta as pessoas, é uma oportunidade de reunir os amigos”, constatou Luiz.

O casal de comerciantes Marlene Molinário e Roberto Siqueira estavam dispostos a experimentar muita coisa. “Quero comer o pastel de São Paulo, tão famoso, né?”, disse Marlene. Já Roberto começou pelo fígado acebolado com jiló. “Cheguei aqui com fome e adoro essa receita”, contou.

Para as crianças

A pequena Larissa Gomes Ferreira de um ano e nove meses estava fazendo a festa com seus pais Régis Ferreira Lúcio e Roberta Santos Gomes, ambos administradores. Eles disseram sobre a importância da criança nesses festivais. “Hoje em dia as crianças comem muito mal. A Larissa não, ela come de tudo. Isso é uma experiência para ela. Conhecer a comida”, afirmou o pai. Roberta ressaltou a organização. “Aqui está uma delícia, o festival está muito bem organizado, sem filas, um ambiente agradável para quem tem filhos pequenos”.