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Food bike conquista o paladar dos mineiros

Formato, que usa uma bicicleta como ponto de venda, é uma maneira sustentável de gerar receita



Créditos da imagem: Quem quer pipoca?
Main 210627 food bike pipoca gourmet
Redação Sou BH
30/09/15 às 21:06
Atualizado em 01/02/19 às 19:24

Por Thaíne Belissa, do Diário do Comércio

Elas são charmosas, fáceis de transportar e economicamente viáveis. Com estilos, cores e tamanhos diferenciados, as bicicletas despontam nas ruas de Belo Horizonte sob o formato de food bike, revelando-se como uma excelente oportunidade para quem quer investir no segmento de alimentação. Apesar de ser recente na capital mineira, o mercado ganha adeptos que, pouco a pouco, descobrem no modelo uma forma sustentável, bonita e barata de atrair clientes.

O criador da franquia Kiwi Sucos, Dimitri Oliveira, foi um dos primeiros a sair com uma food bike pelas ruas de Belo Horizonte. Ele abriu a empresa em outubro de 2014, focando no nicho de comida saudável: a franquia é especializada em sucos integrais e oferece 90 combinações diferentes de sabores. Na mesma época do lançamento da matriz, o empresário investiu cerca de R$ 14 mil na compra e adaptação de uma bicicleta, além do material de marketing da food bike.

Oliveira explica que a opção pelo formato foi para divulgar a marca, mas a bicicleta acabou se tornando um ponto de venda importante para a franquia. "Difícil convencer as pessoas a experimentarem algo novo em Belo Horizonte, então resolvemos utilizar a bicicleta a fim de dar visibilidade para marca. Hoje ela nos rende um faturamento excelente e ainda traz público para a loja. Cerca de 10% do faturamento de uma unidade da franquia vem da food bike", diz.

Ele explica que, além de vender os sucos, a food bike distribui vouchers de desconto para a compra na loja. Segundo ele, o retorno da bicicleta é muito maior que outras ações de marketing, como panfletagem. "A food bike tem uma taxa de conversão de 6% a 7%, enquanto que a panfletagem 1,5%", diz. Ele acredita que todo esse sucesso é explicado pela novidade do formato, que chama a atenção das pessoas.

De acordo com o empresário, a food bike vende cerca de 10 sabores de sucos em garrafinhas premium de 300 ml, que custam entre R$ 7,90 e R$ 9,90. A bicicleta circula pela região Centro-Sul da Capital, principalmente na Savassi e no bairro Mangabeiras. Além disso, o empresário participa de eventos com a bicicleta, como festivais, aniversários e casamentos. Segundo Oliveira, desde que foi lançada, a food bike vendeu 25 mil garrafinhas de suco.

Doces ideias

O formato também foi a escolha da empresária Carolina Coscarelli, que descobriu o food bike pela internet, quando buscava uma alternativa para ampliar sua produção de doces. O negócio começou quando ela estava no último ano do ensino médio e resolveu vender doces para pagar a formatura. A demanda foi crescendo, o negócio ganhou uma marca - Chocake - e hoje ela trabalha junto com a mãe na produção e já está contratando uma funcionária para conseguir atender todos os pedidos.

"Até então, só atendíamos por encomenda e começamos a pensar em formas de ampliar o negócio e ter um contato mais próximo com público. Analisamos a possibilidade de um food truck, mas o investimento é muito alto. Pesquisando na internet acabei chegando ao food bike", diz. A empresária investiu cerca de R$ 5 mil na compra e adaptação da bicicleta, quantia que retornou para o negócio em um mês.

Para Carolina Coscarelli, uma das principais vantagens do formato é sua flexibilidade, que permite mobilidade para vários lugares a um custo baixo. Além disso, ela destaca que a bicicleta tem um charme especial que atrai a atenção de quem passa perto dela.

A food bike da Chocake vende cupcake, bolo no pote, pão de mel, brownie e palha italiana, que variam de R$ 3 a R$ 8. De acordo com Carolina Coscarelli, a bicicleta expõe os doces todas as quartas-feiras na rua Piauí, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul. Além disso, a bicicleta é alugada para festas infantis e casamentos.

Complemento de renda 

Para a empreendedora Helen Coutinho Bernardes, o food bike foi uma alternativa para aumentar a renda. Ela é formada em arquitetura e trabalha como autônoma, mas, este ano, a demanda por projetos caiu em função da crise econômica e a solução foi encontrar uma segunda fonte de renda. Aconselhada por uma prima que mora em Brasília, ela resolveu se arriscar no segmento de alimentação, produzindo pipoca gourmet. " uma pipoca com milho e ingredientes especiais com os mais diferentes sabores, como ovomaltime, churros, leite ninho e petisco", explica.

Ao pesquisar os formatos de comercialização, a empreendedora acabou chegando à food bike e se encantou pelas possibilidades que oferece. "Acabei juntando duas coisas que são novidades em Belo Horizonte: a pipoca gourmet e o food bike. Esse é um formato que chama muito a atenção e as pessoas sempre me pedem para fotografar", diz. Lançada há pouco mais de um mês, a marca ganhou o nome "Quem quer pipoca?".

Além do charme, o baixo investimento também é uma das vantagens que chamou a atenção Helen Bernardes. Ela lembra que comprar e adaptar uma bicicleta é muito mais barato que investir em um food truck, por exemplo. "Eu mesma comprei e adaptei minha bicicleta. Gastei cerca de R$ 2 mil e ela se pagou no primeiro mês de operação", diz. Apesar da entrada facilitada, a empreendedora lembra que não é um segmento fácil: há muitos desafios da venda na rua e em eventos, que não são muito evidentes para quem olha de fora.

A empreendedora vende a pipoca em saquinhos, que custam R$ 5, e também no formato de bombom, que é a pipoca banhada no chocolate e que custa R$ 3. Além disso, a food bike leva uma máquina de café expresso, que também é vendido a R$ 3 o copo. De acordo com a empreendedora, desde que lançou a food bike, ela já vendeu cerca de 15 Kg de pipoca.

A bicicleta também surgiu como mais uma opção de receita para a empresária Patrícia Silva Athayde, que vende brigadeiro gourmet em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Com a marca Tutto Dolce, ela já atendia por encomenda e tinha um pequeno carrinho que utiliza em eventos para a modalidade "bar brigadeiro", que é a preparação do brigadeiro na hora. Mas ela explica que sentiu a necessidade de estar mais próxima dos clientes, fazendo venda direta.

"Decidi adotar o food bike porque é muito prático: posso andar com ela em qualquer lugar, parar e fazer a venda. Mesmo sem loja, consigo vender direto para os clientes e não preciso ficar esperando encomenda", ensina. A empresária sai pelas ruas de Pedro Leopoldo com a bicicleta às quintas e sextas-feiras, além de expor em uma feira da cidade que acontece aos domingos, de 15 em 15 dias. Patrícia Athayde ainda tem o cuidado de divulgar, nas redes sociais, os lugares onde está com a bicicleta.

A bicileta da Tutto Dolce vende cerca de seis a oito sabores de brigadeiro gourmet, que custam R$ 3,50, além de brownie recheado, que vem em uma embalagem de 250 gramas e custa R$ 10. De acordo com a empresária, com um mês de operação, a food bike já vendeu cerca de 40 potes de brownies e mais de 250 brigadeiros.