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Ingredientes exóticos marcam a 2ª parte do Festival

Tiradentes recebe novamente chefs de todo o Brasil neste final de semana



Créditos da imagem: Leca Novo
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Final de semana passado, Tiradentes recebeu chefs de todo o Brasil
Redação Sou BH
29/08/14 às 20:12
Atualizado em 01/02/19 às 19:58

Mais de 170 atrações gastronômicas e 94 apresentações artísticas compõem o Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes. No final de semana passado, o evento foi considerado um sucesso. E a partir de hoje (29), a cidade histórica espera mais visitantes em busca de alta gastronomia, música e apresentações cênicas.

E a segunda semana do Festival será marcada pela exótica carne de tartaruga, bastante apreciada no Amapá, e pelos produtos típicos de Alagoas, Espírito Santo, Sergipe e Minas Gerais. Entre os chefs que vão preparar os jantares está Mara Salles, do restaurante Tordesilhas, em São Paulo (SP). Ela foi uma das convidadas a participar da Expedição Fartura Gastronomia, que percorreu, apenas neste ano de 2014, mais de 11 mil quilômetros, de 22 cidades, em cinco estados do norte e sudeste, em busca dos ingredientes das cozinhas de cada uma dessas regiões. Toda a experiência vivida por ela irá servir de inspiração para que realize, ao lado da chef amapaense Solange Batista, o jantar típico daquele estado.

As duas dividirão a cozinha do restaurante Pacco & Bacco, hoje, apresentado como um dos pratos do menu o Peito de Tartaruga. De sabor marcante, a carne será preparada em pequenas iscas, dando a impressão de estar moída, refogada com alho, cebola e um tipo de chicória específico do Amapá.

O risco de extinção da tartaruga no Brasil fez com que seu consumo fosse proibido por quase 30 anos (até 1996),  quando a comercialização para criadouros foi regularizada. Após tantas décadas fora do cardápio, a carne de tartaruga tem, aos poucos, voltado a cair no gosto de chefs de todo o Brasil.

No sábado, o chef Jefferson Rueda, do restaurante Attimo (São Paulo/SP), vai dividir a cozinha com Dino Pisselini, do restaurante La Tavola (Aracaju/SE). No começo deste ano, Jefferson foi para Sergipe a convite da Expedição. O cardápio terá o primeiro prato feito por Dino e o couvert, entrada, prato principal e sobremesa preparados por Jefferson.
 
Outra grande expectativa está no jantar do chef Wanderson Medeiros, do restaurante Picuí (Maceió/AL). Sempre preocupado com a qualidade dos alimentos que leva à mesa, o chef vai trazer 56 quilos de produtos direto de Alagoas para Minas Gerais. A bagagem tem desde a costelinha, que demora quatro dias para ser preparada, até o sururu, um molusco típico dos mangues. Na ponte aérea, ainda estão a tradicional carne de sol, queijo coalho e sorvete de rapadura.

“Todos os ingredientes que uso são muito particulares da nossa região. Quando chego no aeroporto sem um isopor, o pessoal da companhia aérea acha até estranho”, brinca. Eleito chef revelação, em 2012, pela revista Prazeres da Mesa, ele desvenda à coluna um dos seus principais segredos: usar sempre produtos frescos, dos mesmos fornecedores. “Uso a mesma rapadura, do mesmo engenho, há mais de 15 anos. Gosto de valorizar os produtores que estão comigo há muito tempo”, destaca.

Já o chef capixaba Juarez Campos, do restaurante Oriundi (Vitória/ES), está preparando um jantar que vai além das fronteiras de seu estado. “Temos grande influência italiana aqui, sendo que 75% dos capixabas têm descendência italiana. Busco fazer um cardápio que valorize os produtos locais, trabalhando o que a gente chama de cardápio nobre com produtos “pobres”.

Um exemplo é a paleta de cordeiro, que será o prato principal do seu jantar. De acordo com o chef, esta é uma das partes mais saborosas do cordeiro. Para valorizá-la ele desenvolveu uma técnica para transformá-la em medalhão. Para acompanhar couve-flor e batata baroa que, de acordo com ele, apesar de não serem tão sofisticados, combinam muito bem com o cordeiro.