BH recebe programa internacional para combater doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
O método Wolbachia é autossustentável e complementar às ações que tentam eliminar os vírus da zika, dengue e chikungunya
Imagine combater o mosquito que
transmite a dengue, a zika e a chikungunya usando o próprio mosquito. Esse é o método do World Mosquito Program, que utiliza a bactéria Wolbachia para
reduzir a capacidade de transmissão das doenças pelo mosquito Aedes aegypti.
O projeto, realizado no Brasil
pela Fiocruz, já foi iniciado no Rio de Janeiro e, agora, será implantado em Belo
Horizonte, Petrolina (PE) e Campo Grande (MS). Na capital mineira os trabalhos
devem começar no segundo semestre deste ano, logo após a conclusão do laboratório
que está sendo construído pela prefeitura exclusivamente para a criação dos
insetos.
“O método Wolbachia bloqueia o vírus dentro do mosquito Aedes aegypti, reduzindo a transmissão das doenças. A liberação dos mosquitos com a bactéria acontece durante cerca de 16 semanas com o objetivo de substituir a população de mosquitos locais. Serão 150 mosquitos adultos a cada 50 metros, além de ovos distribuídos em caixinhas”, explica o pesquisador Luciano Moreira líder do programa no Brasil. Ainda assim, ele reforça que o projeto é uma ação integrada e todos devem continuar limpando o quintal para eliminar os focos.
Antes de soltar os mosquitos, a equipe do projeto que conta com o apoio do Ministério da Saúde precisa delimitar a área de atuação dentro BH e conscientizar os moradores
sobre como o programa é feito.
Além disso, em BH, o Departamento
de Ciência e Tecnologia (DECIT) e o Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis (DEVIT) apoiarão o Ensaio Clínico Randomizado Controlado (em
inglês Randomized Controlled Trial, RCT), em parceria com a Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG) e apoio do National Institute of Allergy and Infectious
Diseases (NIAID).
O método
A Wolbachia é um
microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza. Ela foi
inserida em ovos de Aedes aegypti na Universidade de Monash, na
Austrália, onde se identificou que, uma vez presente nestes mosquitos, a
capacidade de transmissão das doenças fica reduzida. O método é seguro para as
pessoas e para o ambiente, pois a Wolbachia vive apenas dentro das
células dos insetos.
A medida é complementar e ajuda a proteger a região das doenças propagadas pelos mosquitos, uma vez que o Aedes aegypti com Wolbachia - que têm a capacidade reduzida de transmitir dengue, zika, chikungunya – ao serem soltos na natureza se reproduzem com os mosquitos de campo e geram tipos com as mesmas características, tornando o método autossustentável, conforme ilustrado na figura abaixo. Esta iniciativa não usa qualquer tipo de modificação genética.
Reprodução/World Mosquito Program
WMP Brasil
O WMP Brasil, antes chamado
Eliminar a Dengue: Desafio Brasil faz parte do World Mosquito Program
(WMP), uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que opera atualmente em
12 países e trabalha para proteger a comunidade global de doenças transmitidas
por mosquitos. No Brasil, o projeto é conduzido pela Fiocruz.
O WMP iniciou estudos no Brasil
em 2012, com início das liberações nas áreas piloto (Jurujuba - Niterói e
Tubiacanga – Ilha do Governador, em 2015). Em novembro de 2016 deu início a
liberação em larga escala em Niterói e em agosto de 2017 no Rio de Janeiro.