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Cientistas alertam para risco de Chikungunya em áreas de mata

Já foram notificados 75 casos da doença em BH só neste ano



Créditos da imagem: Divulgação/Fiocruz
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Redação Sou BH
08/04/19 às 18:17
Atualizado em 08/04/19 às 18:37

Belo Horizonte recebeu, só neste ano, 75 notificações de Chikungunya. Dos casos notificados, seis já foram confirmados, sendo três contraídos dentro do município, dois importados e um contraído em local indefinido. No ano passado, foram 29 casos confirmados. 

Um alerta de cientistas brasileiros e franceses ressalta que o problema pode se tornar ainda maior. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Brasil, e o Instituto Pasteur, da França, o vírus da Chikungunya pode sair das cidades para as matas brasileiras, tornando-se silvestre e impossibilitando a erradicação da doença no país. O artigo foi publicado na revista científica internacional PLOS Neglected Tropical Diseases.

O processo seria semelhante ao da febre amarela, doença de origem africana que se tornou endêmica no Brasil e, de tempos em tempos, espalha-se das matas para áreas urbanas.

Na pesquisa coordenada pela Fiocruz, os cientistas constataram que mosquitos silvestres como o Haemagogus leucocelaenus e a Aedes Terrens, comuns na América do Sul, são capazes de transmitir o vírus da Chikungunya entre três e sete dias, o que significa alto potencial de disseminação.

Hoje, tanto a Chikungunya, também de origem africana, como a febre amarela são transmitidas no Brasil pelo mosquito Aedes Aegypti. As duas doenças provocam febres e fortes dores pelo corpo. 

Nas cidades, o transmissor da Chikungunya é o mosquito Aedes Aegypti, que se infecta picando uma pessoa doente e transmitindo para outras pessoas. Na floresta africana, onde foi identificada, os mosquitos silvestres contraem o vírus picando macacos doentes. A infecção humana só ocorre por acidente, quando uma pessoa é picada na mata.

Segundo o chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e coordenador do estudo, Ricardo Lourenço de Oliveira, o avanço para áreas silvestres torna o vírus mais difícil de ser enfrentado, podendo levar ao aumento no número de casos. “Esse cenário apresentaria um grave problema de saúde pública, uma vez que a infecção se tornaria mais difícil de controlar”, afirma. Nas florestas, o combate ao mosquito é impossível.

Para os cientistas, é necessário começar, o quanto antes, o monitoramento de regiões em áreas de mata. “É fundamental incorporar o Chikungunya em uma rotina de vigilância no ambiente silvestre”, diz Lourenço. Isso inclui a verificação de mosquitos e de macacos para avaliar se a transmissão já está ocorrendo próximo a florestas e monitorar esta possibilidade.

Para prevenir a migração da Chikungunya, os cientistas querem mais estudos. Os mosquitos silvestres, explicam, não se desenvolvem bem em laboratório, justamente por serem selvagens. Também não ficou comprovado que macacos conseguem hospedar o vírus.

Com Agência Brasil