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Estimulação no cérebro pode amenizar sintomas da Doença de Parkinson

Descoberta da Faculdade de Medicina da UFMG revela possibilidade de melhoria nas funções motoras e cognitivas



Créditos da imagem: Carol Morena / Faculdade de Medicina
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Déborah Rodrigues *
09/03/19 às 16:00
Atualizado em 12/03/19 às 18:12

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da UFMG descobriram, recentemente, que a estimulação de um subgrupo de neurônios, localizados na superfície do cérebro, pode amenizar os sintomas da Doença de Parkinson, que afeta, principalmente, a coordenação motora devido a degeneração crônica do sistema nervoso.

A descoberta é um passo importante para o tratamento mais eficaz da doença e pode melhorar a função motora e cognitiva dos pacientes. A técnica Optogenética, desenvolvida por cientistas da Universidade de Stanford (EUA) e usada pela primeira vez para fins terapêuticos no Laboratório de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG, consiste na utilização de luz e mecanismos da engenharia genética.

O biomédico e neurocientista, Luiz Alexandre Viana Magno, conta que, com esses procedimentos, é possível modular apenas as células que estão doentes. "Descobrimos que a manipulação da atividade de áreas superficiais é suficiente para provocar a melhora".

Segundo o pesquisador, atualmente, existem duas formas principais de tratamento para a Doença de Parkinson: medicamentos ou procedimento cirúrgico. A primeira modalidade deixa de fazer efeito após alguns anos de uso e a segunda é recomendada para alguns pacientes que não apresentam melhoria com o medicamento. No entanto, o método cirúrgico é de alto risco, pois impõe a necessidade de implantar eletrodos em áreas profundas do cérebro afetadas pela doença. 

Desta maneira, os testes nas regiões superficiais do cérebro é um grande avanço. "Observamos que o efeito terapêutico da Optogenética é instantâneo. Isso indica que futuramente o procedimento cirúrgico passará ser simplificado, diminuindo os riscos decorrentes da manipulação de áreas profundas do cérebro", completa Luiz. 

Pesquisa e testes

As estimulações com luz em áreas específicas do cérebro foram feitas em camundongos que possuem a doença. Para ativar os neurônios, foi realizado um procedimento cirúrgico nos animais, que envolve a injeção cerebral de um DNA e a implantação de uma fibra ótica que possibilita a liberação precisa de luz na região cerebral, indicada três semanas após a primeira etapa.

De acordo com o biomédico, na primeira sessão os camundongos já conseguiram recuperar, ou pelo menos melhorar, a atividade motora. "Observamos que o procedimento também proporcionou diminuição dos déficits de memória, algo que nenhum outro procedimento dessa natureza foi capaz de conseguir”, avalia o pesquisador.

Desafios

Apesar da pesquisa representar uma evolução na busca por melhorias no tratamento da doença, ela enfrenta complicações. Segundo Luiz Alexandre, o desafio agora é encontrar formas de transportar o DNA para o cérebro sem a utilização de vírus, uma vez que esses organismos podem sofrer mutações e causar doenças. “Esperamos que nos próximos cinco anos surjam alternativas para essa limitação, para que o procedimento chegue com segurança aos pacientes com Parkinson”, conta.