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Fause Haten cria desfile de marionetes

Estilista apresenta exposição com fantoches de grandes modelos



Créditos da imagem: Sou BH
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Fause Haten apresenta suas marionetes no Boulevard Shopping
Redação Sou BH
10/09/14 às 13:37
Atualizado em 01/02/19 às 19:59

Está no Boulevard Shopping (Av. dos Andradas, 3.000 - Santa Efigênia), até o dia 16 de setembro, a exposição “O Maravilhoso Mundo do Dr. F”, do estilista Fause Haten. A mostra apresenta marionetes de grandes modelos que já desfilaram para o estilista, e outras que ele sonha vestir. Dessa forma, Haten consegue juntar duas paixões, a arte e a moda.

O estilista diz ter grande afinidade com a arte, pois uma se completa com a outra. Em entrevista para o Sou BH, ele mencionou uma frase de Yves Saint Laurent que define a importância da arte e da moda. “A moda não é arte, mas ela precisa de artistas para existir”. E assim Haten trabalha, atualmente o modista está em cartaz em São Paulo atuando na peça “A feia Lulu” com, texto de Yves Saint Laurent, publicado em 1963.

Para Haten, os estilistas estão passando a se expressar de forma artística. “A moda está passando, a cada dia, a beber mais da arte. Os estilistas estão se aproximando dela para criar seus desfiles. O que é um desfile de moda? Nada mais que um espetáculo cênico”, afirma.

O estilista sente que a moda está perdendo seu status. “Não tem mais sentindo o consumidor usar uma roupa por ostentação. Agora as pessoas estão vendo as roupas como obra de arte. A moda está precisando entrar no universo da arte para voltar a estar na moda”, explica.  As marcas, segundo Haten, estão tendo que se adequar ao novo mundo. “Atualmente as marcas ficaram acessíveis. Como disse Danuza Leão naquele texto polêmico que publicou na Folha de S. Paulo, todo mundo agora consegue viajar para o exterior, ou seja, as coisas não são mais exclusivas de um determinado grupo. Os valores precisam ser revisitados”, explica. 

Haten também falou sobre o mais novo subgênero do funk, denominado Ostentação. “Este novo tipo de música vem mostrar poder. Vem ostentar aquilo que se pode comprar. Mas nem tudo se compra. Atualmente há a necessidade do impalpável e do incomparável. Os valores estão mudando,” constata.

A ideia do desfile com as marionetes veio um pouco dessa teoria, de que a moda deve ser vista como arte. Segundo Haten, devido a quantidade de desfiles que teve de produzir no ano de 2013, ficaria muito dispendioso fazer um evento real, ou seja, com supermodelos e super produções. Depois de ganhar um boneco de seu amigo Guilherme Pires, pensou que poderia fazer algo diferente, bonito e com valor mais acessível. “Decidi usar as bonecas como marionetes e fazer um desfile novo e totalmente inusitado no qual as modelos seriam as marionetes. Guilherme Pires ainda me deu a possibilidade de criar rostos para as bonecas, sendo assim, pude homenagear modelos que trabalharam comigo e modelos com quem gostaria de trabalhar”, explica.

A partir daí surgiu a ideia do personagem DR. F, como um grande inventor de seres. Além das modelos o DR. F também criou a cantora da trilha sonora do desfile. Uma marionete de Maria Rita apareceu e a cantora interpretou toda a trilha sonora da apresentação de Haten. O estilista veste a artista desde o seu primeiro disco, lançado em 2003.

A ideia da mostra de bonecas veio logo em seguida. “Entendemos que este trabalho deveria viajar e mais pessoas passarem pela experiência de ver a moda de uma forma interessante, como é o caso dessas bonecas”, diz. Este desfile de marionetes, de acordo com o estilista, é a prova da união da arte e da moda. “A moda está buscando a cada dia mais as artes cênicas, ópera e música. Está no inconsciente coletivo”.