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Atala defende gastronomia como vetor cultural

Em BH para o lançamento do projeto “Chefs com Alma”, chef fala sobre gastronomia brasileira e metas para o futuro



Créditos da imagem: Kátia Resende
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Felipe Rameh e Alex Atala no lançamento do projeto Chefs com Alma
Redação Sou BH
16/09/14 às 20:37
Atualizado em 01/02/19 às 19:59

Alex Atala dispensa apresentações. O chef de cozinha e restaurater brasileiro comanda a cozinha de um dos melhores restaurantes do Brasil: o D.O.M.. Em BH, a convite do chef Felipe Rameh (Trindade), para o jantar de abertura do projeto "Chefs com alma", Alex participou de um bate-papo na terça-feira (16) com jornalistas e blogueiros de gastronomia em que falou de suas expectativas para o jantar da noite, os seus próximos objetivos e a gastronomia brasileira, de modo geral.

Com 60% do jantar da noite planejado, Alex tem grandes expectativas para o projeto recém-lançado em Belo Horizonte. “Pensei em usar uma fruta vermelha para um prato e, por isso, quero ir ainda ao mercado comprar ingredientes. Não fechei ainda o cardápio. Não resisto ao improviso. Ontem, o Felipe (Rameh) me entregou um rapé e eu pensei em inserir um rapé de chocolate no jantar desta noite”, conta Alex, retirando do bolso uma pequena lata de rapé. Ele ainda conta que durante sua infância e adolescência costumava visitar a cidade de Araguari, norte do Triângulo Mineiro, e, por isso, sua relação com a cultura mineira é bem íntima.

Aliás, ele aproveitou a oportunidade para saudar Minas Gerais como um dos estados que mais preserva a sua gastronomia como parte de sua cultura. “A gastronomia mineira não começa na cozinha. Começa no pequeno produtor. No que planta, no que faz o queijo, a pinga, cria a galinha. Tem um universo aqui dentro”, explica. A gastronomia como uma questão cultural é uma das bandeiras levantadas pelo chef paulista. Ele se surpreendeu ao saber que, em Minas Gerais, a Secretaria de Estado da Cultura considera a culinária regional um vetor cultural.

Um de seus “goals” é mudar a regulamentação acerca do mel de abelha. “Hoje, o mel que todos nós consumimos não é originário de abelhas brasileiras. O mel das nossas espécies fermenta e, por essa razão, não podem ser comercializado, segundo a legislação. Mas é utilizado por índios com fins medicinais”, conta Atala, que acredita que isso deve ser alterado, assim que a lei reconhecer a gastronomia como parte da cultura de um povo.

Brasil gourmet

Com a Copa do Mundo, o Brasil entrou no foco de muitos turistas e amantes da boa mesa. Atala acredita que há uma ansiedade grande do mundo inteiro em conhecer o Brasil e sua gastronomia. “O Brasil é um país carismático com uma gastronomia rica para apresentar”, afirma.

Ex-mentor e amigo pessoal do chef mineiro Felipe Rameh, do restaurante Trindade e do Alma Chef, Alex Atala aceitou o convite para preparar o jantar de inauguração do projeto “Chefs com alma” porque acredita que é necessária a desmistificação dessa personagem que é o chef de cozinha, como algo elitizado e inalcançável. “Os chefs de cozinha são embaixadores de uma marca chamada Brasil. Todas as grandes referências mundiais em gastronomia, como França, Itália, Espanha, chegaram aonde chegaram porque tinham vários chefs. Eles não jogam com um artilheiro e sim com um time inteiro”, defende.

Para ele, um chef com alma é aquele que renuncia a vida pessoal, se joga de cabeça no desafio de fazer o melhor. “Essa geração do Felipe é quase inconsequente. Eles se entregam de alma, como uma vocação”, explica. “Não tem tempo ruim. É tempo ruim o tempo todo”, brinca.

Antes de iniciar o jantar, Atala esperava poder conhecer a horta de mini legumes de Ilma Correa, fornecedora do Alma Chef e Trindade, de Belo Horizonte.

As informações para o próximo evento do projeto “Chefs com Alma” podem ser adquiridas pelo telefone (31) 2551-5950.